10 de agosto de 2012

O fundamento do “cristão” filho do Diabo


    
   O Palace II foi um edifício residencial construído na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, que foi implodido no dia 28 de fevereiro de 1998, a despeito de investigações anteriores terem encontrado em registro como causa da tragédia um erro estrutural de cálculo (assinado pelo engenheiro responsável) nas vigas de sustentação.
     

   O edifício Palace II foi construído pela Construtora Sersan de Sérgio Naya em 1990, com previsão de conclusão para 1995, tendo havido, no entanto um atraso na conclusão da obra. A construtora já havia sido processada 4 vezes em virtude da má construção do prédio, que não havia recebido o habite-se da prefeitura.
   

   O primeiro desmoronamento ocorreu às 3 horas do dia 22 de fevereiro de 1998, quando as colunas 1 e 2 do edifício, onde havia 44 apartamentos, desabaram. 8 pessoas morreram como resultado do incidente. O segundo desmoronamento ocorreu pouco antes das 13 horas do dia 27 de fevereiro de 1998. 30 minutos antes do desmoronamento, o laudo técnico recomendava que os moradores voltassem ao edifício para recuperar seus bens, quando uma inexplicável coluna d'água irrompe da cobertura do 23° andar com toneladas de água.
   

    Lembro-me que na época desse acidente havia comentários de que a construtora havia utilizado areia de praia na construção, com isso à sustentação teria ficado fraca ocasionando o desmoronamento, depois de algum tempo o laudo técnico provou que não havia sido o uso de areia de praia (na verdade não foi utilizado areia de praia), mas sim um erro estrutural de cálculo nas vigas de sustentação. Esse erro ocasionou a morte de 8 pessoas, lembro-me de uma senhora que conheci pessoalmente, que em anos depois ainda chorava pela perda da filha, ela me contou que sua filha e seu genro tinham lutado muito para juntar dinheiro com o propósito de comprarem um bom apartamento, e quando apareceu esse empreendimento do Palace II seria a realização de um sonho, sonho esse que tornou-se em pesadelo por causa de um erro na estrutura. A princípio o imóvel a ser adquirido era atrativo, tudo parecia muito bom, sua infra-estrutura, seu playground, sua área de lazer, enfim o negócio era atrativo, mas o que os compradores não sabiam é que haviam erros. Erros esses que resultaram em desilusão e morte.    

   Quando falamos em construção, não podemos deixar de atentarmos a um ponto que é de extrema importância: A estrutura tem que ser bem edificada. E isso é independente do tipo de construção, pois, seja ela uma casa, ou uma idéia, devem ser bem edificadas.     

  
   Falando em religião sabemos que há no mundo um numero quase incontável de religiões, onde cada uma tem seus pressupostos, a fim de afirmarem, ou confirmarem ser o seu fundamento o correto, e às vezes dentro de uma religião surgem algumas vertentes, ou melhor, visões que tentam tratar e até mesmo se sobrepor, a fim de demonstrar que existe uma alternativa para o que é proposto. Quando falamos em cristianismo dois pontos precisam ser afirmados: Deus existe, e Sua Palavra é a Verdade.    

   Não querendo ser simplista, mas a afirmação Deus existe é verificada por todas as pessoas como vemos em Romanos 1; 19-20 “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. 

   Embora haja pessoas que se denominem ateístas, e afirmem dizendo que não há Deus, a Bíblia simplesmente os chamam de néscios (Salmos 14;1), pois estes tentam negar Deus em suas afirmativas acusatórias, tendo por base os preceitos humanos de análise crítica, não levando em conta que o universo é repleto de obscuridade, e não somente o universo mas a própria mente humana. Negam Deus tentando através de suas teorias loucas derrubar o fundamento do Cristianismo, baseando-se em pressupostos que entram num ciclo infinito, onde nem mesmo sua crença consegue definir a origem da humanidade. Confiam na ciência como fundamento validador, sendo essa mesma ciência mudada em cada efêmero passo progressivo que dá, seu fundamento é construído numa areia movediça, onde cada passo que dá, sempre os fazem afundar mais e mais.
   

   A afirmativa, Deus existe, para um cristão, não significa apenas que há uma espécie de deus, ou que haja um deus como na mitologia grega, mas sim que Deus existe, pois Ele é eterno não tendo princípio de dias, nem fim de existência, sendo Ele o Senhor e Criador de todas as coisas, onde todo o universo é regido por Ele, pois Ele é o Criador de todo universo.    

   Com a afirmativa de que Deus existe, e sendo Ele o criador do universo, somente Ele tem autoridade para dizer o que tudo é, e o que não é, toda a verdade fora de Deus é uma mentira, ou uma especulação do que poderia ser a verdade, e jamais a verdade em si. Todos os preceitos só podem ser entendidos a partir da definição do que ele é e qual a sua finalidade, por Deus. Não existe verdade relativa, e nem se pode definir sentimentos, moralidade, ou ética fora de Deus. Imagine que eu crie um sistema que tenha o poder de tirar o sal da água, a descrição, a finalidade, a utilidade, e o modo de funcionamento do sistema são definidos por mim. É fato que por eu ser humano e a capacidade similar que os humanos têm, possibilite que uma outra pessoa descubra através de estudos a descrição, a finalidade, a utilidade e o modo que o sistema é utilizado, isso porque eu usei a própria similaridade para criar esse sistema, mas em se tratando de Deus isso não acontece, pois quem pode sondar a mente do Senhor (Romanos 11; 33-34 / 1 Coríntios 2;16)? A verdade é que ninguém tem o poder de sondar, ou definir Deus, nem se quer tem a capacidade intelectual, lógica, ou moral para definir qualquer coisa a parte da revelação que Deus dá de si mesmo, e de qualquer outra coisa, seja ela sentimentos, moralidade, espiritualidade, etc.   

   
   Sendo assim só podemos definir qualquer coisa a partir da definição que Deus já tenha dado, e sendo essa definição primária de Deus, logo ela é a Verdade.    

   Não simplesmente por uma definição de consenso da maioria, mas pela auto-autenticação, e revelação infalível que a Bíblia é a palavra de Deus. A afirmação: A Bíblia é a Palavra de Deus, trás por si só as afirmações de que Deus existe, e que Sua Palavra é a Verdade, porque se Deus não existisse, pela lógica também não existiria Sua Palavra, e já que Deus existe e a Bíblia é a Palavra de Deus, logo a Palavra de Deus é a Verdade, e isso pelo simples fato de ser a Palavra de Deus, já que não há Verdade fora Dele.    


   Afirmar que a Bíblia é a Palavra de Deus, é a firmar que Deus se revelou através da Bíblia, e que tudo o que a Bíblia descreve é a Verdade irrevogável de Deus, e que tudo o que Deus disse vai acontecer de forma infalível. Afirmar que a Bíblia não é infalível, e que a Bíblia contém a Palavra de Deus, é o mesmo que dizer que a Bíblia é falsa, pois quem teria autoridade para definir o que é verdadeiramente de Deus, e o que não é? E sendo a mesma a revelação de Deus, afirmar essas duas premissas negativas é o mesmo que dizer que Deus e mentiroso, ou que ele não existe, e negar a existência de Deus não é outra coisa se não ateísmo.    


   O fundamento do Cristianismo depende dessas duas bases, crer que Deus existe, e que Sua Palavra é a Verdade, levando em conta que por Palavra de Deus entende-se a Bíblia, logo a Bíblia é a Verdade.    


   Já que o fundamento do cristianismo depende primariamente dessas duas afirmativas (Deus existe, e a Bíblia é a Verdade), qualquer um que negue um desses dois pressupostos, não pode ser chamado de Cristão.    


   O Credo Apostólico diz: Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.    


   O Credo Niceno diz: Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis.    


   A Confissão Belga de 1561 diz: Todos nós cremos com o coração e confessamos com a boca que há um só Deus, um único e simples ser espiritual. Ele é eterno, incompreensível invisível, imutável, infinito, todo-poderoso; totalmente sábio, justo e bom, e uma fonte muito abundante de todo bem. (Artigo 1)
   Nós O conhecemos por dois meios. Primeiro: pela criação, manutenção e governo do mundo inteiro, visto que o mundo, perante nossos olhos, é como um livro formoso, em que todas as criaturas, grandes e pequenas, servem de letras que nos fazem contemplar "os atributos invisíveis de Deus", isto é, "o seu eterno poder e a sua divindade", como diz o apóstolo Paulo (Romanos 1:20). Todos estes atributos são suficientes para convencer os homens e torná-los indesculpáveis.   Deus se fez conhecer, ainda mais clara e plenamente, por sua sagrada e divina Palavra, isto é, tanto quanto nos é necessário nesta vida, para sua glória e para a salvação dos que Lhe pertencem. (Artigo 2)
     Confessamos que a palavra de Deus não foi enviada nem produzida "por vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo", como diz o apóstolo Pedro (2 Pedro 1:21).   Depois, Deus, por seu cuidado especial para conosco e para com a nossa salvação, mandou seus servos, os profetas e os apóstolos, escreverem sua palavra revelada. Ele mesmo escreveu com o próprio dedo as duas tábuas da lei.   Por isso, chamamos estas escritas: sagradas e divinas Escrituras. (Artigo 3)
    

   Poderia ainda citar a Confissão de fé Batista de Londres de 1689, e a Confissão de fé de Westminster, mas não se faz necessário, o que é realmente importante é que nessas confissões de Fé as afirmativas de que Deus existe, e que a Bíblia é a Palavra de Deus são vistas, e isso foi a seu tempo basilar para os cristãos da época, é obvio que o que valida a existência de Deus, e a Bíblia não são as confissões, as confissões simplesmente se valeram da Bíblia para traçarem os pontos diferenciais dos cristãos para os não cristãos, entre a verdadeira igreja e a falsa igreja. E isso não se deu de uma forma autônoma, pois nenhum sistema poderia trazer validação às escrituras, pois se assim fosse o sistema deveria ser tão inspirado quanto às próprias escrituras, mas a escritura valida-se a si mesma.¹    

   Um ponto que tem se levantado nos últimos anos no meio cristão, não é a comprovação da existência de Deus, mas sim em a Bíblia ser a Palavra de Deus. O “Pastor” Caio Fábio afirmou: Deus tem livros muito mais interessantes para escrever do que a Bíblia! Essa afirmação é um tanto perigosa, pois Ele teria não somente que negar a Bíblia, mas provar que haja algo além da Bíblia que possa revelar Deus, e não só isso, mas esse algo deve ser mais autêntico do que a Bíblia, tendo o poder de além de revelar, se auto-afirmar e autenticar. Enquanto ele não faz isso, suas palavras são vazias e sem fundamento, pois nenhuma afirmação sem um sistema anterior e validador tem credito em si mesma, pois se a afirmação pessoal tivesse a autenticação absoluta por àquele que afirmou, àquele que afirmou seria Deus.    


   Ainda há os que dizem: “a Bíblia não é, mas contem a Palavra de Deus”. Como pode alguém fazer uma afirmativa dessa e ainda usar a Bíblia para fundamentar qualquer posição? É simplesmente contraditório dizer que a Bíblia contém a Palavra de Deus, e usá-la como princípio fundamental, ou base para o desenvolvimento de uma estrutura. Para alguém fazer tal afirmação, ele necessitaria de ter algo anterior a Bíblia, ou algum meio de saber o que é a Palavra de Deus, e o que não é a Palavra de Deus. A explicação mais lógica para essa questão de como alguém poder afirmar o que é, e o que não é a Palavra de Deus na Bíblia, sem que essa pessoa que afirma seja Deus, foi dada pelo Rafael Castro², onde ele disse: a pessoa acredita na inerrância dela própria, para “separar” o que é de Deus e o que não é, para alguém achar que pode “filtrar” a palavra ele deve se achar melhor que a palavra. Ou seja, a pessoa tem que ser inerrante (que não erra), ou ser mais inspirado que a Bíblia, para assim poder definir o que é a Palavra de Deus, e o que não é. Assumir tal postura é simplesmente impor em si mesmo uma coisa que Deus não deu, além de abrir a porta para uma das maiores heresias que existe hoje, o relativismo, e esse ainda é pior, pois seria um relativismo com “base” Bíblica, onde os maiores absurdos seriam assumidos com a falácia de ter fundamento Bíblico, e qualquer oposição seria encarada como erro de interpretação, ou que o fundamento do opositor não é a Palavra de Deus, porém uma visão pessoal do autor. Para quem assume tal posição de a Bíblia não ser, mas conter a Palavra de Deus, uma vez mais cito uma frase do Rafael Castro², que diz: a coragem deste seria louvável se não fosse pura estupidez.    


   Entrando um pouco mais na questão de a Bíblia ser a Verdade, vejamos o seguinte texto: Então o anjo do SENHOR bradou a Abraão pela segunda vez desde os céus. E disse: Por mim mesmo jurei, diz o SENHOR: Porquanto fizeste esta ação, e não me negaste o teu filho, o teu único filho, Que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus inimigos; E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz.  Gênesis 22:15-18.   


   Neste texto vemos o Senhor fazendo um juramento, é normal quando alguém faz um juramento, sempre jurar por algo anterior e maior que si próprio, em advertência aos juramentos Jesus disse: Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus; Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei. Mateus 5:34-35. Vemos aqui um exemplo claro de que é comum as pessoas jurarem por algo maior que si próprio, se não, não haveria necessidade de jurar, mas a recomendação para que não caíamos no erro de jurar por algo que não possamos afirmar ele Jesus disse: Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna. Mateus 5:37. Quanto ao caso do juramento que o Senhor fez notasse que Ele não tendo nada, nem ninguém maior por quem jurar, jurou por Si mesmo, e isso se dá pelo fato de não haver nenhuma autoridade, nem nada maior do que Ele próprio.
    

   Quanto à validação do juramento que o Senhor fez, vejamos o que Frank Brito³ diz: Toda declaração de verdade exige um padrão de validação que estabelece tal declaração como verdadeira. Esse padrão anterior é o pressuposto sobre o qual outras declarações posteriores são validadas. A conclusão não valida o seu pressuposto. O pressuposto valida a conclusão. A conclusão não pode validar o pressuposto porque o pressuposto é que faz a conclusão ser possível de existir.     

   Isso quer dizer que não existe nada anterior a Deus para que pudesse validar o que Ele declarava, sendo Ele o Senhor e criador de todas as coisas, o princípio e o fim, o fundamento validador é Ele próprio, por isso Ele jura por Si mesmo, pois o que valida Sua Palavra é Sua própria natureza, ou seja, tudo o que Deus diz que é, é porque Ele disse, Ele não precisa justificar o que ele diz que é, o simples fato de Ele dizer é, já é validado porque quem disse foi Ele.    


   Deus se valeu de revelação para mostrar quem Ele é, essa revelação além de sobrenatural, também foi oral, e inspirada. Vemos um caso claro de revelação sobrenatural com Moisés: E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do SENHOR em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. Êxodo 3:1-2. A aparição do Anjo do Senhor na sarça ardente foi uma aparição sobrenatural, assim como quando o Senhor consumiu o holocausto que Elias havia preparado “Então caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego. 1 Reis 18:38
    

   O fato de o Senhor se revelar já é algo um tanto maravilhoso, mas a revelação por si só poderia cair em descrédito pelos céticos, por isso o Senhor além de se revelar de forma sobranetural e oral, Ele além de escrever (E aquelas tábuas eram obra de Deus; também a escritura era a mesma escritura de Deus, esculpida nas tábuas Êxodo 32;16), ainda ordenou que alguns homens escrevessem o que ele havia ordenado: Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memorial num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu. Êxodo 17;14  /  Assim diz o Senhor, Deus de Israel: Escreve num livro todas as palavras que te falei. Jeremias 30;12 /  Disse-me também o Senhor: Toma uma tábua grande e escreve nela em caracteres legíveis: Maer-Salal-Has-Baz. Isaias 8;1.  

   As revelações de Deus servem não apenas para mostrar que há um Deus, mas também para descrever Sua vontade, e com a finalidade de que o homem tivesse um parâmetro que norteie sua vida, ele inspirou homens dentro do contexto social, geológico e espiritual, mas com verdades que transcendem as culturas e o tempo, Paulo afirma: Toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra. 2 Timóteo 3:16-17. Essa afirmativa denota que não são algumas partes das escrituras que são inspiradas, mas TODA a escritura.
    

   Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo; Hebreus 1:1-2. Aqui vemos que o Senhor falou de muitas maneiras, isto é: em revelação, sonhos, visões e oralmente com o intuito de mostrar Sua vontade, e a Verdade. Com isso o escritos de Hebreus está dizendo que os meios de revelação de Deus servia para ensinar o povo a Sua Verdade, as revelações vinham sendo progressivas, com a finalidade de revelar à Jesus Cristo, por isso o autor aos Hebreus diz: “nestes últimos dias nos falou pelo Filho”. Se as palavras faladas pelos profetas do antigo testamento tivessem a possibilidade de não serem a Palavra de Deus, Paulo não diria que TODA a escritura é divinamente inspirada, e nem tão pouco o autor de Hebreus co-relacionaria a progressão profética, fazendo um elo com a revelação de Cristo, alguns podem objetar dizendo que Paulo queria dar crédito a ele mesmo como inspirado, ainda que isso fosse verdade, se Paulo simplesmente quisesse e não fosse inspirado, a própria hermenêutica seria suficiente para por em cheque seus escritos, mas o que vemos é a afirmação que Pedro dá acerca dos escritos de Paulo: E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição. 2 Pedro 3:15-16. Pedro faz uma declaração comparativa dos escritos de Paulo, comparando-os com as outras Escrituras, ou seja, com os livros do Antigo Testamento, e faz uma observação bastante importante, dizendo que assim como acontecia no passado, agora naquele tempo, também havia os indoutos e inconstantes que sempre tentavam distorcer aquilo que encontravam dificuldade, isso nos mostra que o fato de acharmos dificuldade de entender não significa que esse algo não seja verdadeiro, o que devemos fazer é procurar crescer no conhecimento até chegarmos a ter a mente de Cristo.
    

   A fim de declarar a Palavra de Deus como a verdade, Jesus disse: Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. João 17:17. Além de declarar a Palavra de Deus como a verdade, Jesus incentiva o exame da mesma, veja: Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto, para que vos salveis. Ele era a candeia que ardia e alumiava, e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz. Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou. E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer. E a sua palavra não permanece em vós, porque naquele que ele enviou não credes vós. Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam; João 5:33-39. Nestes textos vemos Jesus dizendo que a Palavra de Deus é a verdade e que João Batista deu testemunha dessa Verdade, após discorrer sobre o assunto mostrando que o testemunho que Deus dá sobre Ele é maior que o de João, ele incentiva o exame da Palavra de Deus (Escritura), que dá testemunho Dele.
    
   Jesus não só incentivou o estudo da Escritura com a finalidade de conhecer a verdade, e nem também apenas afirmou que a Palavra de Deus era a Verdade, mas atribuiu sobre Si mesmo ser a Verdade “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. João 14:6”. A atribuição de ser a Verdade denota que todo Testemunho que Ele dá é de igual teor às Escrituras, seja este testemunho falado ou expressado, porque Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Colossenses 2; 9) toda a expressão de Cristo, é uma expressão da verdade, e o conhecimento que temos dele nos proporciona libertação (João 8; 32).
    

   Essa libertação que é proporcionada por Cristo se dá através do conhecimento da Verdade e o próprio Cristo disse que a Palavra de Deus é a Verdade, como Ele também se classificava. Um fato que não pode ser ignorado e que Cristo fez questão de salientar é que as Escrituras testificavam Dele (João 5; 39), e não só testificavam como também se cumpriria Nele muitas das revelações e profecias do Antigo Testamento, como vemos: E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler. E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, A pregar liberdade aos cativos, E restauração da vista aos cegos, A pôr em liberdade os oprimidos, A anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos. Lucas 4:16-21.
    

   No Salmo 118; 22 Vemos: A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se a cabeça da esquina. O que seria essa Pedra que deveria ser o Edifício que os edificadores rejeitaram? Vemos a resposta a essa pergunta em Atos 4;10-12  Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. No contexto desta passagem, Pedro está pregando para os Sacerdotes que os haviam prendido (Pedro estava junto com João), por eles estarem pregando ao povo, após ter curado um coxo de nascença na Porta Formosa, nesse cenário estão: Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do sumo sacerdote. Atos 4:6. Então quando ele diz foi rejeitada por vós, ele está dizendo que os sacerdotes negaram o edifício da Verdade, e isso desde os tempos antigos, e esse edifício, ou Pedra principal era Cristo que eles estavam rejeitando. Vejamos outro texto: Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa; E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa foi a principal da esquina. 1 Pedro 2:6-7. Nesse outro texto Pedro está falando para a igreja, que Cristo é o fundamento que os edificadores – sacerdotes e profetas que tinham o dever de instruir o povo na Verdade, usando de forma correta a Palavra de Deus – rejeitaram, ele está demonstrando que a ruína que se encontrava o povo Judeu, dava-se pelo fato da rejeição ao fundamento verdadeiro, e por isso o Senhor os havia rejeitado, Jesus também usou o mesmo texto de Salmos 118, vejamos: Diz-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Essa foi posta por cabeça do ângulo; Pelo Senhor foi feito isto, E é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos. E, quem cair sobre esta pedra, despedaçar-se-á; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó. Mateus 21:42-44. Essa afirmação de Cristo foi tão contundente que os destinatários da mesma sabiam que eram para eles “E os príncipes dos sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas palavras, entenderam que falava deles; Mateus 21:45”. Eles entenderam porque sabiam que haviam desviado o povo da Verdade, esse desvio se deu com ensinamentos errados (Jeremias 23;11), e com a substituição dos preceitos de Deus por seus próprios preceitos, preceitos estes que eles davam mais valor que a própria Palavra de Deus “Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos quando comem pão. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição? Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe, E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus. Mateus 15:2-6.    

   Quando os sacerdotes ensinavam algo contrário aos mandamentos do Senhor, estavam eles edificando um outro fundamento que não era a Verdade, e por isso todo o seu sistema estava em ruína, Jesus alertou quanto a esse perigo, ele disse: Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. Mateus 7:24-26. Esse discurso foi feito por Jesus em seu sermão mais famoso, chamado “sermão do monte, ou sermão da montanha”. Aqui ele dá um detalhamento dos preceitos morais, e reafirmar o que havia dito os profetas “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. Mateus 5:17-18, pois seu propósito não era desmentir, ou trazer preceitos diferente do que os profetas já haviam dito, mas Seu propósito era cumprir, evidenciando que o que fora dito era Verdadeiro.
    

   Em todo o seu ministério Jesus utilizou-se das Escrituras, trazendo validade ao que estava escrito, mostrando que era possível reconhecer o Verdadeiro do falso através das Escrituras, os apóstolos também se valeram das Escrituras para darem testemunho de Cristo, para basearem seus ensinos, e edificar a igreja, igreja essa que Paulo fala a Timóteo dizendo: para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade. 1 Timóteo 3:15. A igreja edificada em Cristo é a coluna e firmeza da Verdade, pois ela é sustentada pelo testemunho dos profetas que anunciavam a Verdade de Deus, tendo sua sustentação nesse testemunho que evidencia Cristo, passa ela então a ser coluna edificada no fundamento da Verdade.
    

   A igreja como coluna deve manter sempre o seu fundamento que é a Verdade, embora haja aqueles que tentem validar suas doutrinas pela tradição, a igreja valida sua doutrina na Verdade revelada pela Escritura que é Cristo.    

   Jesus combateu severamente aqueles que tentavam dar mais valor aos seus preceitos em detrimento do estudo cuidadoso da Escritura, homens este que se diziam filhos de Abraão, mas suas atitudes eram contrárias as de Abraão, contra estes, Jesus disse: Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fósseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. João 8:37-40. Aqueles homens se diziam filhos de Abraão, e na verdade eram, mas a questão de filiação não os dava direitos espirituais, pois Jesus estava pregando sobre Ele ser a Salvação, mas aqueles homens se consideravam salvos por serem descendência, não atentando que os verdadeiros filhos de Abraão são os filhos da fé, e essa filiação se dá pela obediência, pela mesma atitude de Abraão, dando ouvidos as palavras de Deus, que é a Verdade, aqueles homens tinham acabado de ouvir Jesus dizendo que se permanecessem nas Palavras de Cristo, verdadeiramente seriam discípulos Dele (João 8;31), mas a preocupação que eles tinham não era em renunciar suas filiações e se renderem a Cristo, eles queriam ser justificados por seus conceitos, mesmo sendo esse conceito errado.
    

   Há uma semelhança nesses homens que tentavam justificar sua salvação pelo filiação com os que se dizem cristãos e negam a infalibilidade e inerrância Bíblica, ambos estão edificados no erro! O primeiro grupo errou ao achar que o fato de serem descendência os dava direito de salvação, ignorando o fato que a fé, e a obediência a Deus era o que garantia a filiação a Abraão. O segundo erra ao afirmar que a Palavra de Deus (Bíblia) contem erros, estruturando sua fé em um terreno arenoso, não percebendo que o fim de sua casa é a ruína.    

   Ainda no texto de João 8, Jesus diz àqueles que se firmavam em um fundamento falso: Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. João 8:44. Aqueles homens mentiram dizendo que eram filhos de Abraão, mas não eram, pois seu fundamento era falso, assim como os que se dizem Cristãos, mas na construção de sua argumentação se baseiam em trazer descrédito a Bíblia que eles dizem crer, ou em não fazer as mesmas obras que a Bíblia ensina. Este segundo grupo implicitamente, ou explicitamente dã testemunho de Cristo, e ao mesmo tempo dão falso testemunho e usam da Bíblia para justificar seus erros, com a falsa premissa de a Bíblia não ser, mas conter a palavra de Deus, a esses não posso denominá-los de outra coisa a não ser: “Cristãos” filhos do Diabo! Pois além de não se firmarem na verdade ainda são homicidas, homicidas sim! Pois ensinam o relativismo, chamam de mentirosa a Palavra de Deus, e ensinam as pessoas o errado como se fossem certo. A esses deixo as advertências de Cristo: Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar.Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Mateus 18:6-7      


   Aos irmãos que tem dedicado suas vidas em prol de ensinar de forma correta a palavra de Deus, deixo uma oração de nosso Senhor: Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade. João 17:17


Leonardo Ribeiro 

Fontes:


Palace II, Wikipédia 


1 - http://mensagemreformada.blogspot.com.br/2012/08/solascriptura-por-frank-brito.html?spref=fb


2 – Rafael Castro: Advogado, teólogo autodidata, membro da Igreja Cristã Nova Vida 


3 – Frank Brito: Professor de Inglês, Seminarista, Blogueiro, membro da Igreja Presbiteriana do Brasil